Em entrevista ao GloboEsporte.com, Bernie respondeu diversas perguntas a respeito de F1, Trump e Interlagos. Todas com respostas em comum, vazia e com a clareza que não existe plano concreto para nenhum dos problemas que a Formula 1 vem sofrendo.
Na entrevista fica muito claro que o “chefão” já não está em seus tempos de glória, o tempo passou e o planejamento da categoria está ultrapassada, modelo de negócio baseada quase 70% no investimentos das emissoras para transmitir a corrida, sem explorar o que tem de melhor, um número gigantesco de seguidores.
Quando o jornalista pergunta se iremos ter no próximo ano a etapa no Brasil, ele responde que seria muito difícil, que o motivo seria financeiro, fica evidente que a falta de interesse do público brasileiro pela Formula 1 e consequentemente a saída da Globo na transmissão de grande parte das corridas, impacta diretamente na decisão de ter ou não a etapa.
Fico mais confuso quando disse que compraria Interlagos caso fosse oferecido a ele, ai te pergunto, isso iria resolver algo? Por um lado a margem e lucro que deve estar fechando muito apertado, poderia melhorar e muito, caso o autódromo fosse dele. Agora, a categoria ainda continuaria perdendo o seu brilho, por vários fatores.
- Formula 1 não tem um herói brasileiro para representar o país a altura dos outros pilotos.
- A disputa entre as equipes muitas vezes está na diferença do dinheiro que investe no carro, se as principais equipes como Ferrari, Mercedes e RBR recebem um incentivo financeiro maior do que as outras equipes, fica evidente que favorecem as maiores e criam dificuldade para as menores.
- Falta de patrocinadores com porte gigantesco de investimento para manter uma equipe, afinal existem poucas empresas com condições para investir na categoria
- Brasil: Com a falta de interesse dos brasileiros para categoria, consequentemente as empresas que tem em seu planejamento de marketing, crescer o reconhecimento de marca no país, não irá investir.
- No programa Bem Amigos da Sportv, o Galvão Bueno fez duras criticas a Confederação Brasileira de Automobilismo, que em suas palavras não cumpre o seu papel de criar novos talentos para diversas categorias no Brasil e no mundo. Além da organização dos eventos que está na mão dos patrocinadores e mão da organização da CBA.
- Nossos heróis morrem aos poucos junto com a categoria, depois de Fittipaldi, Piquet, Sena, Barrichelo e Massa, o que teremos para o futuro? Pedir para Bernie manter um brasileiro na categoria, forçando a continuidade de Nasr é vergonhoso e depressivo para um país que colaborou que a categoria chegasse onde chegou.
- De quem é a responsabilidade de criar novos talentos, de incentivar novos atletas a representarem o Brasil?
De quem é a responsabilidade de criar uma categoria forte e bem organizada no Brasil, capaz revelar novos talentos? Só dos patrocinadores?
A Formula 1 está OFFLINE, enquanto o mundo já está ONLINE.
Por acaso o Bernie assisti a Formula-e?
Enquanto o mundo pensa e desenvolve um planejamento voltado ao Digital, principalmente nas redes sociais, a Formula 1 pensa em como ter um maior faturamento na exposição em TV, jornais e portais de conteúdo, ou melhor, o Bernie pensa assim.
Uma dificuldade que possa existir para mudar o modelo deve estar no momento da categoria, muito solido na mídia tradicional, abrir outras possibilidades de transmissão pode atrapalhar o modelo de negocio das TVs que investem na categoria.
Essa resposta apresenta a maior dificuldade na continuidade do crescimento da categoria no mundo, super dependência da TV, mesmo que suas redes sociais tenham um número elevado de seguidores, qual a estratégia para o futuro, em um mundo de transmissões pelo Facebook, cobertura pelo Snapchat e Instagram.
Um dos principais fatores para o crescimento da Formula-e é exatamente a digitalização de suas ações, que inclusive interfere na própria corrida. O digital unido ao espetáculo que é a Formula-e, de gestão de europeus, se aproxima muito ao formato estratégico dos americanos de organizar eventos, o tal do “show” que não agrada o senhor Bernie.
Aliás a própria Formula-e tem grandes pilotos brasileiros como Di Grassi e Nelsinho Piquet, mesmo que a categoria ainda não está no Brasil, sua divulgação funciona muito bem pelo Digital e cobertura da TV Cabo pela Fox Sports. Se funciona bem nesse modelo de divulgação de conteúdo, imagine com a categoria desenvolver um circuito no Brasil.
Para entender melhor qual é o retorno da exposição da marca dentro da Formula 1, recomendo a leitura dessa pesquisa da Nielsen Repucom sobre a categoria.
Veja abaixo, o infográfico com números das plataformas digitais da Formula 1 versus Formula-e: